Afirmar a relação do Partido com as massas

Nossa concepção é de que as massas são as criadoras da história, as produtoras de riqueza, e são elas que, por meio de suas lutas, provocaram as principais mudanças revolucionárias na sociedade humana.

QUITO (EQUADOR) — Nosso partido foi fundado sob a bandeira do marxismo-leninismo, implementando as concepções científicas que orientam os princípios da luta de classes, o acúmulo de forças para a revolução e o uso da violência revolucionária para a conquista do poder político pela classe operária. Acreditamos que as massas são as verdadeiras protagonistas da história, pois são as produtoras de riqueza. Por meio de suas lutas, elas impulsionaram as principais transformações revolucionárias na sociedade humana e continuarão a ser os agentes do processo revolucionário que conquistará o poder e estabelecerá o socialismo e o comunismo, tanto no Equador quanto no mundo.

O materialismo histórico e dialético, juntamente com as lições das experiências históricas, ensina-nos que as massas trabalhadoras, por si só, não atingem a consciência de classe nem compreendem plenamente seu papel histórico e revolucionário. Além disso, essas lições mostram que a consciência revolucionária deve ser introduzida de fora, não apenas emergindo da luta por reivindicações. A doutrina do socialismo científico precisa ser levada ao movimento da classe operária pela vanguarda política, representada pelo Partido Comunista Marxista-Leninista, por meio de uma série de ações e mecanismos que elevem as massas à luta política pelo poder, pelo triunfo da revolução e pela construção do socialismo.

Ao longo desses 60 anos, reafirmamos essas concepções científicas e trabalhamos diligentemente para elevar o nível de consciência, organização e luta das massas, visando à conquista do poder. Esse período tem sido rico em experiências positivas, permitindo-nos acumular avanços importantes, embora também tenhamos enfrentado erros e fraquezas. Estes foram corrigidos e superados por meio da aplicação rigorosa de nossa linha revolucionária de massas, eliminando todas as práticas nocivas que impediam uma conexão ideológica, política e orgânica mais próxima com as massas. A concepção de que as massas são as criadoras da história é um princípio que nos diferencia das práticas burguesas, pequeno-burguesas e revisionistas.

Manter uma relação correta entre o partido e o movimento popular, bem como com a base social, é fundamental para que nossa política seja aceita, transforme-se em uma força material e impacte os eventos sociais, políticos e culturais do país, sendo, finalmente, decisiva no curso do processo revolucionário.

De forma consistente, eliminamos de nossa prática as manifestações e expressões pequeno-burguesas que são contrárias aos nossos princípios. Isso inclui o voluntarismo, que reflete uma concepção idealista de desenvolvimento; o seguidismo, que sugere que as massas, “com sua grande sabedoria”, definem as linhas políticas da vanguarda; o economicismo, que restringe a luta aos objetivos materiais imediatos; o sectarismo, que promove a ideia de que possuímos a verdade absoluta, subestimando as massas e os coletivos, impedindo a unidade popular e revolucionária; o burocratismo, que nos afasta das massas, observando os problemas “de cima” e limitando o envolvimento dos militantes nas tarefas de base, dificultando o funcionamento das organizações de massa; e o personalismo, uma prática antimarxista que se manifesta em posturas autoritárias e autossuficientes.

Nosso Partido é uma entidade viva, com raízes populares e influência na vida política do país. Um setor significativo de trabalhadores, jovens, professores, mulheres, camponeses e indígenas nos enxerga como uma alternativa política viável. Contamos com uma proposta política clara, uma direção coletiva e também dirigentes individuais. Superamos os ataques reformistas que tentaram nos destruir, recuperando nossa base social, fortalecendo as organizações sociais e promovendo a luta nas ruas e praças por demandas populares, exigindo direitos nos tribunais e instituições, enfrentando a burguesia nos processos eleitorais e reforçando a organização política, a validade da revolução, do socialismo e do comunismo.

Pablo Miranda, em várias ocasiões, analisou o processo envolvido na relação do Partido com as massas. Em um de seus trabalhos, intitulado Recuperar e Desenvolver a Base Social do Partido, extrai-se algumas de suas opiniões sobre o tema.

A relação direta dos militantes com as massas é fundamental para a execução eficaz da política do partido. Quando vinculados a setores específicos, como nas organizações sindicais e sociais, as células e comitês devem organizar seu trabalho, planejar atividades, avaliar e controlar o cumprimento das orientações políticas.

A conexão do partido com as massas é realizada por meio da propaganda, do jornal En Marcha, das redes sociais e outros meios de comunicação. O militante precisa formar-se continuamente, evitando a presunção de que já sabe tudo. É essencial estudar o marxismo-leninismo, compreender os problemas e preocupações das massas e desenvolver a capacidade de ouvir, entender e interpretar situações, oferecendo respostas corretas.

O comunista deve conquistar a confiança das massas por meio da simplicidade e clareza de suas posições, esforçando-se para implementar as decisões coletivas e demonstrando consistência e coragem ao enfrentar dificuldades e lutas. Ele deve atuar como um professor político das massas, sem assumir uma postura dominante, entendendo que, embora as massas não sejam ignorantes ou simples, e possuam um espírito prático significativo, elas não conhecem a política revolucionária e o marxismo-leninismo em sua totalidade. Esse conhecimento deve ser transmitido pelo partido, através de seus militantes.

A construção da consciência revolucionária das massas ocorrerá à medida que a organização do partido, seus militantes e as células se fortalecerem em cada sindicato e organização social. Os militantes devem estar sempre conscientes da necessidade de construir e expandir o partido, assumindo seu papel no recrutamento, na educação política e na formação de novos quadros.

Novos militantes não ingressarão nas fileiras do partido espontaneamente; é necessário um esforço deliberado para selecioná-los entre os lutadores sociais e sindicalistas comprometidos. Junto a esses novos membros, devemos construir e fortalecer a direção das organizações sociais, que será o motor da recuperação e fortalecimento da base social do partido.

A recuperação, consolidação e desenvolvimento dos sindicatos e das organizações sociais, como correias de transmissão da política do partido para as massas, estão em progresso. No entanto, precisamos avançar mais rapidamente e de forma sustentada. Esta é uma responsabilidade urgente, mas alcançável.