O 71º aniversário da imortalidade de Stálin
Carlos Hermida
Partido Comunista da Espanha (Marxista-Leninista)
BARCELONA (ESPANHA) — Em 5 de março de
1953, faleceu Stálin, uma das figuras políticas mais proeminentes do século 20
e, inegavelmente, uma das mais difamadas. Durante décadas, ele foi alvo de todo
tipo de insultos, equiparado a Hitler e responsabilizado pelo início da Segunda
Guerra Mundial. Tanto a direita quanto a esquerda (trotskistas, socialistas e
anarquistas) propagaram distorções e mentiras, transformando Stálin em uma
encarnação do Mal.
Felizmente, nos
últimos anos, diversos livros e estudos têm contestado o anti-stalinismo, e a
abertura parcial dos arquivos soviéticos da década de 1930 também contribuiu
para isso. No entanto, os livros didáticos espanhóis para o ensino médio
continuam a perpetuar versões distorcidas, baseadas em preconceitos
ideológicos, inclusive equiparando o fascismo e o stalinismo sob o rótulo de
regimes totalitários. Além disso, em concursos para professores do ensino
médio, alguns candidatos defendem essas ideias equivocadas (digo isso com base
em minha experiência como membro de bancas examinadoras de Geografia e
História). Quando se trata de Stálin, a objetividade que um historiador
profissional deveria manter desaparece, sendo substituída por uma narrativa
tendenciosa e anticomunista.
A verdade é que, ao
analisarmos a história da URSS no período stalinista, há fatos e dados
inquestionáveis:
• A economia planificada
transformou a URSS em uma potência mundial nos aspectos econômico, científico e
tecnológico.
• O Exército
Vermelho desempenhou um papel crucial na derrota do nazismo.
• Houve um intenso
desenvolvimento cultural, com o desaparecimento do analfabetismo e milhões de
trabalhadores e camponeses tendo acesso ao ensino superior.
Todas essas
conquistas foram, sem dúvida, fruto de um esforço coletivo, mas a capacidade de
trabalho de Stálin, seu conhecimento teórico e sua visão política foram
fundamentais para a transformação da Rússia Soviética. Reconhecemos que esse
processo teve custos sociais significativos e que houve repressão, porém isso
não justifica interpretações da URSS como uma grande prisão.
Os dados de arquivo
reduziram consideravelmente os números da repressão (algo que parece ter
passado despercebido para os anti-stalinistas profissionais) e o apoio ao
regime era majoritário. O patriotismo do povo soviético durante a Grande Guerra
Patriótica (1941-1945) confirma isso.
Quando se menciona a
ditadura de Stálin, muitas vezes se ignora o fato de que na URSS existiam
instituições e órgãos de governo, como a Constituição, o Soviete Supremo, o
Comitê Central do Partido e as Repúblicas Federativas, ou seja, um conjunto de
estruturas e dispositivos estatais que tomavam decisões. A imagem de um “Czar
vermelho” todo-poderoso é uma caricatura simplista do governo soviético.
Uma verdadeira lenda
negra foi construída em torno de Stálin, mas para combatê-la não é necessário
criar uma lenda branca. Basta manter critérios de rigor e honestidade ao lidar
com os eventos históricos; seguir as fontes documentais, as “evidências
primárias do período” às quais Ángel Viñas se refere. Infelizmente, ainda
há muitos entusiastas da história, muitos apresentadores de programas de
entrevistas sem documentos, muitos jornalistas inescrupulosos que transformaram
a mentira em sua profissão e se dedicam a disseminar boatos e desinformação. No
entanto, ainda que tardia, a verdade histórica está gradualmente se abrindo
caminho, e o mesmo ocorrerá nessa questão.
Nosso partido,
fundado há sessenta anos, sempre defendeu a figura de Stálin, resistindo ao
revisionismo e à distorção histórica. Temos o mérito de ter contribuído para a
defesa de princípios políticos e ideológicos que outros abandonaram há anos.
Consideramos Stálin como um grande líder comunista, cujos méritos foram vastos tanto na política nacional quanto internacional. Todos os antifascistas do mundo devem gratidão a ele pelo fato de a URSS não ter se rendido e ter lutado até a vitória final sobre o nazismo.
