A intensificação da luta interimperialista entre EUA, China e Rússia
Partido Comunista Marxista-Leninista da Venezuela (PCMLV)
CARACAS (VENEZUELA) — O primeiro mês do atual ano de 2024 tem sido marcado de forma acentuada pelas contradições da época imperialista, experimentando um significativo agravamento nos âmbitos econômico, político e social. Especificamente, as ações do imperialismo estadunidense e de seus aliados indicam uma tendência de continuar criando as condições para a perpetuação da guerra e de expandir sua influência. Isso se reflete na estratégia de intensificar ao máximo as contradições econômicas, políticas e sociais em diversas regiões do planeta. Tais contradições são de grande interesse para seus objetivos e também são de suma importância para países como a China e a Rússia, que buscam minar a capacidade e a influência dos EUA, visando deslocá-los e assumir sua posição de hegemonia no cenário global, um requisito indispensável para tal intento.
Manter grandes
conflitos próximos às fronteiras da China e da Rússia tem sido parte da
estratégia dos EUA e da União Europeia (EU), visando manter seus concorrentes
ocupados. Até o momento, têm conseguido utilizar o povo da Ucrânia como massa
de manobra, que paga um alto preço por consequência de uma política belicista
alinhada aos interesses dos falcões de guerra. Tal política é adotada pelo
governo fantoche de Zelensky, que, obedecendo às ordens dos imperialistas, submeteu
o país ao domínio de organizações fascistas. Estas, por sua vez, têm contado
com o apoio dos EUA e da UE para fortalecer o complexo industrial militar,
registrando lucros expressivos devido aos múltiplos conflitos que demandam o
uso de vastos arsenais de armas.
Por outro lado, os
EUA continuam a pressionar a região do Mar do Sul, atormentando posições
próximas a Taiwan com o auxílio de seus aliados. Taiwan é um território
reivindicado pela China, mas que se tornou uma trincheira contra os interesses
do governo chinês.
Outro cenário de
tensão se desenrola nas terras palestinas, especialmente em Gaza, onde, após um
ataque do grupo Hamas em outubro de 2023, o exército israelense lançou uma
operação de extermínio contra o povo palestino. Dezenas de milhares de pessoas,
incluindo muitas crianças, já foram mortas durante as operações militares e os
intensos bombardeios contra a população civil.
Frente a esses atos
abomináveis, as instituições internacionais, como a ONU, têm-se limitado a
adotar resoluções que são ignoradas por Israel e seus aliados.
Os EUA apoiam
decididamente essa operação de extermínio contra o povo palestino, mobilizando
contingentes de forças especiais e equipamentos militares, inclusive
porta-aviões. Isso evidencia sua intenção de consolidar suas posições na
região, crucial para a construção de rotas econômicas que possam conter o
avanço da China com sua iniciativa da Nova Rota da Seda. O interesse dos EUA em
deter essa iniciativa é explícito, já que está em jogo a disputa pela hegemonia
global.
É importante
ressaltar um fato peculiar: Netanyahu, em uma sessão da ONU, apresentou um
plano “alternativo” à Nova Rota da Seda, demonstrando a essência da guerra na
modificação das rotas econômicas conforme os interesses das associações
imperialistas que disputam o controle da região.
A guerra está se
expandindo e cada vez mais fatores estão se envolvendo, como evidenciam os
confrontos no território do Líbano, Iraque e Síria. No Iêmen, os Hutis estão
desempenhando um papel especial, agindo concretamente em vez de apenas
discursar.
As operações
militares no Iêmen contra interesses ligados ao sionismo, fiel aliado e
executor dos planos do imperialismo ianque na região, é mais um passo para um
enfrentamento de maiores dimensões nesse ponto geográfico, cujo valor
estratégico o torna o centro das disputas dos falcões imperialistas. Os EUA,
com alguns de seus aliados e a própria China, emitiram uma advertência ao Iêmen
de que é preciso parar. Trata-se de uma espécie de ironia, já que, diante do
genocídio perpetrado por Israel contra o povo da Palestina, as instituições
internacionais assumiram um comportamento cúmplice: para elas, os milhares de
mortos pelos sionistas e seus comparsas não preocupam a ninguém, mas as perdas
econômicas causadas pelos ataques do exército iemenita aos navios ligados aos
interesses sionistas despertam as mais furiosas reações dos círculos
imperialistas.
Além disso,
declarações de políticos burgueses sugerem que o mundo deve se preparar para a
guerra, evidenciando as intenções bélicas dos imperialistas. As declarações de
alguns congressistas norte-americanos após um ataque a uma base dos EUA na
Jordânia revelam o desejo de lucrar com o conflito, aumentando suas fortunas.
Nesse contexto,
também é muito preocupante que aqueles que enfrentam o imperialismo hoje não o
façam para destruir a base econômica que o sustenta, o modo de produção
capitalista, mas o façam com base na ideia religiosa, substituindo interesses
de classe por interesses religiosos, deixando assim as contradições que
realmente determinam a participação de grupos e associações imperialistas
nesses conflitos.
Apesar disso, a luta
de classes persiste, embora seja muitas vezes ignorada pelos grandes veículos
de mídia, alinhados aos interesses imperialistas. Uma greve de trabalhadores
agrícolas na França é significativa, considerando que o país é líder em
produção agrícola. A solidariedade de classe também se manifesta, com
trabalhadores rodoviários urbanos bloqueando estradas em apoio aos
trabalhadores agrícolas.
Essas mobilizações
são de grande importância, pois seu desenvolvimento demonstra o movimento que
está ocorrendo atualmente dentro da estrutura de uma das contradições
fundamentais da época imperialista, a contradição entre capital e trabalho.
É preciso lembrar
que algumas das grandes revoluções da história, como a revolução bolchevique,
ocorreram em momentos em que as calamidades da fome, da miséria e da guerra
assolavam os explorados e oprimidos.
Nesse sentido, é
sempre fundamental relembrar a importância de que o proletariado, em
particular, e as forças populares e democráticas, em geral, consigam se unir. É
crucial identificar sempre o principal inimigo dos povos, o imperialismo, e
guiar-se na construção de uma agenda comum. Dessa forma, os diferentes setores
- trabalhadores, camponeses, mulheres, jovens, comunas - podem unir suas
forças, fortalecendo espaços como a frente popular. Isso é essencial para alcançar
conquistas de grande relevância no contexto da luta pela libertação nacional e
pelo socialismo.
